sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O que o Natal te comunica?

Para cada pessoa ou ente o natal significa ou comunica uma coisa.

O calendário vê o natal apenas como mais uma data de feriado mundial.

No comércio de bens duráveis ou não, o natal é uma ótima data mercantilizadora, que tem poder de aquecer as vendas e torrar os abonos que a população recebe, e dos que não recebem, torrar a poupança, que prolongada e arduamente conseguiram ajuntar.

Para o proletariado, o natal é visto como uma forma de tornar a diferença social menos sufocante, os serviçais recebem o décimo terceiro e alguns até o décimo quarto salário, e geralmente usam, ou para pagar as pendengas finaceiras do ano velho, ou então, para darem entrada na compra de alguma outra dívida que se arrastará pelo ano novo.

Para o governo, é tempo de limpar a casa dos boatos e falatórios em torno das propinas, corrupções, mensalões, mensalinhos, etc,  o povo motivado pelo sentimento natalino é entorpecido de uma profunda aminésia, que os leva, entre uma "golada e outra", a ignorar todas as coisas, mais uma vez.

Para os corais e orquetras, natal é sinônimo de cantatas, musicais, ensaios, tudo no escopo de falar como o  planeta foi visitado!

As crianças veem o natal como ajuntamento da família, presentes, brinquedos, comidas, e a chance de ficarem acordadas até de madrugada, sem ninguém ás mandando pra cama!

Mas será que o natal deve comunicar exatamente isso? Não.

O natal deve nos comunicar as seguintes coisas:

1° - O Homem é o maior problema da humanidade

G.K Chesterton, no livro Ortodoxia, conta-nos a história de um homem, que entendia que o maior problema da humanidade era o homem.

Diz ele: Certo jornal de grande circulação local, lançou um concurso: "A melhor resposta para a pergunta leva um prêmio". A pergunta é - Qual o maior problema da humanidade?

Muitas cartas trazendo frases-respostas esmeradamente elaboradas, chegavam, eram lidas e uma pré seleção era feita. Até que leram a melhor de todas as respostas. Não perderam tempo e publicaram-na, na primeira página do jornal, anexada ao nome do ganhador, a resposta foi a seguinte:

- Eu.
G.K. Chesterton

O formulador da frase estava correto, pois o maior problema da humanidade é o homem. Jesus veio, ou seja, houve natal, para consertar o erro feito pelo homem, erro esse que desgraçou a humanidade e a vida na terra, se o homem fosse a solução para o universo, estaria descartado o Cristo.

2° - O Homem é hipossuficiente

Essa expressão é do ramo do direito, mas também é polissêmica e pode descrever o que é o homem. Além de ser o problema da humanidade, o homem é incapaz de solucionar os problemas gerados por ele, ou seja, ele é um gerador de males e não tem condições infímas de salvar-se destes males.

Por que Cristo veio? Para surpir a carência que a situação miserável do homem lhe proporcionou, Cristo veio fazer, aquilo que nós, meros "vermezinhos", não conseguimos fazer.

3° - Apesar de sua miserabilidade, o Homem é o alvo do afeto de Deus

O homem é o problema do planeta terra, é incapaz de solucionar os males por ele gerados, mas apesar de tudo isso, o homem é o alvo mór do amor de Deus, e nisso consiste a maior mensagem que o natal pode nos comunicar: "Nós somos amados por Deus".

As vezes nós mesmos, quando conscientes do nosso estado de deterioração, deixamos de nos amar.

Mas Deus não, ele continua com sua aljada de graça cheia e seu arco pronto a nos atacar com seu amor. è como disse William Hendriksen:

"Ás vezes enchemos o nosso vale de pecado e nos afogamos nele, mas Deus por meio de Cristo nos leva ao cume das suas montanhas de graça".

Saíba que é exatamente isso o que o natal quer e deve nos comunicar: "Você, Nós, somos alvos do amor de Deus em Cristo.

"Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores."  Rm 5:8


Um ótimo natal pra você e sua família!!!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Ser Humano Quadrado

Tem pessoas que conseguem se relacionar com todos e quaisquer grupos sociais, sabem entrar e sair, respeitando e sendo respeitadas.

Estas se envolvem em menos conflitos, não é que não se envolvam em nenhum conflito, porque seria ilusão pensar que dá pra viver a vida sem nenhum pleito, mas elas se envolvem menos em intrigas e picuínhas... Na verdade, talvez, até tenham mais conflitos que outros, no entanto, engolem a bomba, esta explode interiormente, assimílam o golpe, e dão continuidade a vida.

São verdadeiras metamorfoses ambulantes, como dizem.

Geralmente são amadas, estão sempre bem acompanhadas, amam facilmente, mas logo esquecem e passam o coração pra outros....

O problema é que se não tomarem cuidado, na maior parte dos casos não tomam, terão suas personalidades ou aniquiladas ou adúlteradas, de forma que fiquem desfiguradas, ou seja, pertencem a todos os grupos, logo, podem não pertencerem a nenhum.

Agora, existem também aquelas que são quadradas. Estas, tem posições bem definidas, são segregárias, sectárias, na maior parte das vezes, extremamente legalistas ou libertinas, verdadeiros a-morais, falam e fazem o que pensam, quando pensam, na gíria, fazem tudo o que os outros mandam, uma vez que seja exatamente o que elas desejam...

São as mais livres, mas são de poucos ou nenhum amigo, não frequentam todos os ambientes e ás vezes tornam-se seres intragáveis, bestiais, inflexiveis, broquéis, sem resiliencia alguma, e também são caracterizados pelo abandono afetivo e pela irretratabilidade...

Em qual grupo você se encontra?

No dos politicamente corretos, ou no grupo dos divergêntes e contendeiros?

Não importa, todas estas pessoas, revelam a natureza depravada e putrefada dos homens, todas precisam de Jesus Cristo, aquele que é poderoso para nos livrar do inferno, dos demônios, dos perigos terrenos e sobretudo, é poderoso para nos livrar de nós mesmos, da nossa própria nocividade...

Talvez você me diga, eu me enquandro no grupo que é amado, ou talvez no grupo dos irretratáveis, saíba, independentemente você precisa do sangue remidor, purificador e transformador de Cristo!!!


Boa noite...

Abraços!!!!!!!!

sábado, 4 de dezembro de 2010

O que é depressão!

Depressão é uma doença psicopatológica, como enfermidade, mas como conceito, depressão é viver as dores do dia a dia...

Pelo lado da psiquiatria, todos têm um pouco da doença da depressão, em alguns ela se manifesta se tornando uma enfermidade psicossomática, em outros ela pode nunca se manifestar;

Pelo lado do conceito "depressão" em todos sem exceção se manifesta, daí minha pergunta, quando a organização mundial da saúde diz que este é o século da depressão ou que a doença do século é a depressão, estão falando da depressão como doença, ou da depressão como conceito?

Essa resposta eu não tenho, mas queria aqui considerar algumas coisas com relação a depressão:

1º - A depressão é um mal do nosso tempo

Alguns dizem que os cristãos protestantes não devem ter ou não podem ter depressão, isso é uma grande ignorância, porque os cristãos sempre sofreram dos males que marcaram a sua época, quando a Europa foi varrida pela "febre bubônica" no século 18, muitos cristãos piedosos morreram da enfermidade, quando o "império ditador nazista", na década de 40 assolou o mundo, inúmeros e incontáveis cristãos morreram nos campos de concentração, quando os grandes impérios, (Babilônico, Assírio, Egípcio, Grego e Romano) se instalaram sobre a terra, eles devastaram exércitos, casas, famílias, templos, culturas e idiomas, e isso ocorreu com o povo de Deus Israel muitas vezes, logo, não podemos afirmar que a depressão não alcançara os cristãos, nem dizer que o fato de ser crente vai isentar alguém disso, porque a depressão é um mal do nosso tempo, tanto quanto a violência, a crueldade e a frieza afetiva entre os homens...


2º - A depressão pode sim levar indivíduos a morte

Tanto a depressão enfermidade, quanto a depressão conceito podem levar os que são acometidos por elas a morte, estes dias houve alguns casos de explosão das tensões, um homem dirigiu propositalmente na contra mão na rodovia Castelo Branco, e bateu contra um caminhão em alta velocidade, em outro caso uma senhora dirigiu na contra mão em uma estrada de São Paulo, pessoas atordoadas pelo estresse do dia a dia e pelas depressões, vão rumo a morte todos os dias, se suicidando, através de meios mais diversos, desde auto-enforcamentos até o consumo desenfreado de drogas podendo ser legais ou ilegais...

3º - A depressão acabar com a vida mesmo em vida.

Quem se deixa vencer pela depressão, seja qual for, ainda que não chegue a morte no seu sentido claro, morre estando vivo, a depressão pode matar sonhos, aniquilar projeto, desanimar corações e interromper futuros gloriosos, destruir casamentos e desabar com famílias inteiras, talvez a morte no sentido direto não chegue, mas se a depressão não for vencida, ela pode produzir seres vivos mortos ou mortos vivos...


4º - A depressão pode ser vencida

Ao contrário do que pregam alguns a depressão pode ser vencida, não apenas controlada, mas vencida e extirpada, talvez o remédio que vou apresentar pra você aqui, não seja exatamente o que você está acostumado a ver, mas por favor leve em consideração, muitas pessoas venceram a depressão se utilizando destes remédios, você pode ser um destes, basta tomar algumas atitudes, vejamos:

5º - Confie firmemente em Deus

Eu sei que é difícil desenvolver fé nestas horas, mas é possível não perder a esperança e a confiança que Deus irá te ajudar a sair desta situação.

6º -  Viva a vida, entendendo que Deus tem seu futuro nas mãos Dele

Não viva a sua vida, resumindo sua existência apenas a você, mas entenda que Deus está pronto a estar com você e a cuidar de você, ainda que as situações perderam o controle pra voc~e, elas continuam no controle de Deus...

7º - Não se encha de auto comiserações

Alguns médicos dizem que um paciente quando recebe a notícia que possui uma doenças em estado terminal, ele tende a passar por ao menos quatro fases: incredulidade, onde ele não acredita que aquilo aconteceu com ele; conscientização, onde ele toma ciência de que é uma verdade, pois ele vê os sintomas e as marcas da doença; desespero, nesta fase as pessoas costumam, fazer tudo que dizem a ela que vai resultar na cura, ai ela vai a cultos, vai ao candomblé, as mesas de espiritismo, entre outros lugares, na busca por cura; aceitação, nesta fase o paciente aceita a doença e as chances dele sobreviver caem para apenas 30%...

Não aceite a depressão ficando se destruindo, esforce-se para mudar e sair desta situação...

8º - Rodei-se de amigos e entes queridos

Não fique só, não fique isolado, mesmo que este seja um dos sintomas da doença, lute contra isso e ajunte-se a pessoas, pois a caminhada da vida se torna muito mais agradável quando feita a dois, as dores da vida costumam ser aliviadas quando temos alguém com quem compartilhá-las...

9º - E entenda que ainda você tem muito que fazer

A gente costuma resumir a nossa vida aquilo que fizemos, mas não avaliamos a vida a partir do que temos para fazer, você ainda tem muito a produzir, você ainda tem sonhos a realizar, você ainda tem objetivo a cumprir, você ainda tem multidões a conquistar, se você não vê meios de isso acontecer? Lembre-se, Deus está disposto a tratar de você, para que sua vida e a vida de outros reflitam a glória de Deus, manifesta em Cristo!


Escondidos na Graça!
Abraços!!!

Sentimentos e Pensamentos Errôneos, em relação a Igreja brasileira - I

O numero de cristãos evangélicos no Brasil, cresce á cada dia, é uma massificação sem controle das linhas do fronte no campo de batalha da fé. Todos os dias surgem novos crentes, novas igrejas, novos cultos e novos modelos de liturgias, a fim de acrescer á já numerosa fileira dos – ditos - eleitos.


O IBGE lançou uma pesquisa recentemente, dando número dos evangélicos no nosso país, já passamos da casa dos cinquenta milhões (50.000.000), ou seja, quase 25% do nosso povo. Todos os anos, abrem, dados dessa mesma pesquisa, no território nacional, mais de quinhentas (500) igrejas, somos maiores que muitas torcidas organizadas, maiores que muitos grupos sociais, somos maiores que a população do estado mais populoso do Brasil, somos mais numerosos que os habitantes de muitos países da Europa.

Certo pastor, que ouvi estes dias, disse que nós os evangélicos brasileiros, crescemos tanto que determinamos a agenda dos candidatos a cargos públicos nesta última eleição, sobre tudo aqueles que concorreram as cadeiras do alto escalão da administração pública, candidatos à presidência da república.

O corpo evangélico, de hoje é muito eclético, antigamente tínhamos à má fama (apesar de que o evangelho sempre foi melhor compreendido por estes grupos), de hospedar em nossas igrejas, pessoas pobres, infelizes, não alfabetizadas, marginalizadas, negros, crianças de comunidades carentes, doentes, fracassados, etc, mas agora não;

Artistas, músicos, políticos, engenheiros, médicos, líderes de órgãos públicos, juizes, desembargadores, promotores, advogados então, tem saído pelo ladrão, empresários bem sucedidos, universitários, filósofos, temos até ateus... Esses grupos sociais e muitos outros que me faltam ao pensamento, formam o nosso plantél, que é invejável e aguça a cobiça de muitos.

Todas essas informações, trazem a nós, ao menos três (03) sentimentos e pensamentos errôneos:

- Dever cumprido

- Há crescimento de verdade

- Igreja brasileira está madura
 
Vamos avaliar cada uma delas, vejamos...
 
 
Continua...

Sentimentos e Pensamentos Errôneos, em relação a Igreja brasileira - II

1° - Dever cumprido

Na verdade é assim que muitos cristãos se sentem, com a alma lavada, pois o que deveria ser feito na igreja brasileira, foi feito e agora o povo evangélico só cresce, nós não temos que pregar, pois atingimos níveis tão elevados de desejo nas pessoas, que não precisamos fazer mais nada.


Esse pensamento é, ou fruto da ação direta do diabo ou fruto da ação direta de alguém que não entendeu direito o “Ide” excelente de Jesus.

O diabo tem interesse que a igreja estagne, torne-se improdutiva e inérte, porque ele sabe que o serviço cristão continuado, traz maturidade e valor aos crentes, como dizia certo pregador - “Se a igreja está doente, receite uma dieta de missões, e logo ficará sã” - Por isso, o diabo tem semeado no meio da lavoura de Deus, esta semente do “falso dever cumprido”, não caíamos nessa, ainda temos muito a fazer pela igreja brasileira.

Mas essa ideia pode, também, ter surgido no porão da alma de algum crente que não fez direito a hermenêutica do “Ide” excelente de Jesus, ele entendeu que a igreja já obedeceu e agora deve apenas colher os frutos do semeio, na verdade, essa interpretação é equivocada, uma vez que o “Ide” não é imperativo, mas sugere continuidade.

Seria melhor traduzido por - “Indo” - ou seja, não é pra irmos e fazermos discípulos, porém para, conforme andamos irmos fazendo discípulos.

Indica que o trabalho de fazer discípulo não é imediato e não consiste em sair e fazer um discípulo, mas enquanto estivermos como peregrinos, andando, vamos fazendo discípulos.

Dito isso, a igreja precisa entender que o dever ainda está por se cumprir, muito ainda há por fazer, então arregassem as mangas e vamos trabalhar, o “Ide” é pra agora.


Continua...

Sentimentos e Pensamentos Errôneos, em relação a Igreja brasileira - III

2° - Há crescimento de verdade

Se por um lado somos tentados a entrar numa improdutividade sem precedentes, por outro, diariamente somos convidados a admitir um real crescimento da igreja, ao invés de sugerirmos que o fenômeno se encaixa mais em “inchaço gospel”, que em crescimento real.


É só você olhar nas escrituras e ler textos como:

“Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas” - Mt 10.17.

“Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” - Mt 24.9.

“Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós...” - Jo 15,20.

“Expulsar-vos-ão das igrejas, sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” - Jo 16.2.

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” - 2° Tm 3.12.

“Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados..." - Ap 2.10.

Ora, Jesus e os apóstolos diziam que seriamos perseguidos, mas estamos sendo amados. Compare estes textos com o amor e afeição que a sociedade brasileira dispensa a igreja. A igreja no Brasil, é amada, desejada, cortejada, todos querem ser “evangélicos”, até políticos querem a igreja...

Recentemente uma grande gravadora, se não à maior, começou a produzir obras de cantores evangélicos, e daí eu ouvi, alguns cantores, ditos gospel, dizendo: “Deus está alargando ás tendas” . Será mesmo? Ou as gravadoras estão interessadas nessa fatia mercadológica que é composta por cristãos evangélicos? Será que a igreja está em alta mesmo? Ou aqueles fracassados que estão vindo à igreja, de todos os seguimentos sociais, estão vendo na igreja um campo de trabalho e um meio de sobrevivência? É uma questão pra se pensar...

Diante da antipatia que o mundo deveria ter em relação a igreja, uma vez que “esta” vai contra todos os “rudimentos do mundo”, e a empatia que vemos, entre o mundo e a igreja, podemos perceber facilmente que “inchamos” mais que crescemos, esse crescimento é criticável, não aceitável, porque não se enquadra com o padrão das escrituras...


Continua...

Sentimentos e Pensamentos Errôneos, em relação a Igreja brasileira - IV

3° - Igreja brasileira está madura

O crescimento indica maturidade, mas não o inchaço, este não. Alguns tendem à pensar que a igreja está madura, mas na verdade, não está, poderíamos escrever um livro com o tema: “Evidências da infantilidade da igreja brasileira” - sei que não nos faltariam argumentos, porém, alguns são arguidos com tanta facilidade que cabe suas citações aqui:


a) Nunca tivemos tanta bíblia, porém nunca fomos tão medíocres em relação ao conhecimento bíblico.

Essa é uma evidência clara do não desenvolvimento da igreja brasileira, não se conhece mais as escrituras, e isso se deve à algumas razões:

- Líderes das igrejas que não conhecem a Bíblia – são obreiros feitos ás pressas, homens que não tiveram tempo para se aproximarem das escrituras como deveriam, e por isso, são vazios e deixam um vazio no povo.

– Desprezo pelos Seminários, EBDs, Cursos, e o pior, culto de ensino – o pastor, no culto de ensino, se locupleta de louvores, e não se desgasta na catequese dos cristãos por meio das escrituras, hoje à uma febre de seminário, mas sem propósito, alguns surgiram apenas para sustentar doutrinas, outros para sustentar quem sustenta tais doutrinas, e outros ainda, para mostra como a fé é “laica”, ampla, aberta, nestes, se aceitam todo tipo de crença, muçulmanos, budistas, etc, todos estudando teologia, uns para crer, outros para descrer, outros para questionar e aquelesque não farão nada, este se tornarão pastores de algumas igreja...

- Secularização das editoras – algumas editoras que nasceram com o escopo de atender o povo eleito, produzindo bíblias e livros, hoje se mundanizaram, não se produz o que é teológicamente bom, mas sim, o que tem maior aceitação no mercado, a pergunta é: - “se colocarmos à venda na revistinha da Avón, e nos sites vende? Então vamos editorar e produzir” - é lamentável que seja assim, mas é.

Agora à uma nova modalidade de lançamento de bíblias, trabalha-se em cima do nome de certo escritor, publicá-se um, dois, três, quantos livros forem necessários, quando o nome estiver bem conhecido, então se lança uma Bíblia do indivíduo, quer dizer comentada por ele.

b) – Falta discipulado

Se negligenciamos o conhecimento bíblico, também abortamos o discipulado, a igreja cresceu, mas os novos crentes não foram discipulados e por isso, o que poderia ser crescimento real, tornou-se inchaço, é necessário que resgatemos o valor do discipulado como único meio de amadurecimento genuinamente reconhecido pelas escrituras. Nenhum cristão nasce pronto, todos estamos em vias de a aperfeiçoamento, mas para isso é indubitável que passemos pelo processo amadurecedor do discipulado, este visa, exatamente isso, amadurecer os cristãos e levá-los a reproduzir integralmente as ações e piedade de Cristo!!!
 
Abraços!!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Igreja do Diabo, de Machado de Assis - Vol. I

Li este livro estes dias, achei fantástica a forma usada por Machado de Assis, para descrever a contradição humana.

O Livro se chama: - "A Igreja do diabo" - e vale apena ser lido, o link para ele na internet é: ttp://www.bibvirt.futuro.usp.br/, mas se quiser vou repassá-lo aqui, é muito bom, vale a pena ler...


O Plano de uma Igreja

De uma idéia mirífica

Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos.

Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.

— Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.

Dizendo isto, o Diabo sacudiu a cabeça e estendeu os braços, com um gesto magnífico e varonil. Em seguida, lembrou-se de ir ter com Deus para comunicar-lhe a idéia, e desafiá-lo; levantou os olhos, acesos de ódio, ásperos de vingança, e disse consigo:

— Vamos, é tempo. E rápido, batendo as asas, com tal estrondo que abalou todas as províncias do abismo, arrancou da sombra para o infinito azul.

Fonte:
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro : Garnier, 1884.
Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - Permitido o uso apenas para fins educacionais.


Continua...........

A Igreja do Diabo, de Machado de Assis - Vol. II

Deus e o Diabo - Reunião no Céu

Entre Deus e o Diabo

Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado, detiveram-se logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor.

— Que me queres tu? perguntou este.

— Não venho pelo vosso servo Fausto, respondeu o Diabo rindo, mas por todos os Faustos do século e dos séculos.

— Explica-te.

— Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho; dai-lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais divinos coros...

— Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura.

— Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação... Boa idéia, não vos parece?

— Vieste dizê-la, não legitimá-la, advertiu o Senhor.

— Tendes razão, acudiu o Diabo; mas o amor-próprio gosta de ouvir o aplauso dos mestres. Verdade é que neste caso seria o aplauso de um mestre vencido, e uma tal exigência... Senhor, desço à terra; vou lançar a minha pedra fundamental.

— Vai.

— Quereis que venha anunciar-vos o remate da obra?

— Não é preciso; basta que me digas desde já por que motivo, cansado há tanto da tua desorganização, só agora pensaste em fundar uma igreja.

O Diabo sorriu com certo ar de escárnio e triunfo. Tinha alguma idéia cruel no espírito, algum reparo picante no alforje de memória, qualquer coisa que, nesse breve  instante de eternidade, o fazia crer superior ao próprio Deus. Mas recolheu o riso, e disse:

— Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos, e é que as virtudes, filhas do céu, são em grande número comparáveis a rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de algodão. Ora, eu proponho-me a puxá-las por essa franja, e trazêlas todas para minha igreja; atrás delas virão as de seda pura...

— Velho retórico! murmurou o Senhor.

— Olhai bem. Muitos corpos que ajoelham aos vossos pés, nos templos do mundo, trazem as anquinhas da sala e da rua, os rostos tingem-se do mesmo pó, os lenços cheiram aos mesmos cheiros, as pupilas centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado. Vede o ardor,

— a indiferença, ao menos,
— com que esse cavalheiro põe em letras públicas os benefícios que liberalmente espalha,
— ou sejam roupas ou botas, ou moedas, ou quaisquer dessas matérias necessárias à vida... Mas não quero parecer que me detenho em coisas miúdas; não falo, por exemplo, da placidez com que este juiz de irmandade, nas procissões, carrega piedosamente ao peito o vosso amor e uma comenda...

— Vou a negócios mais altos...

Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo.

— Tu és vulgar, que é o pior que pode acontecer a um espírito da tua espécie, replicou-lhe o Senhor. Tudo o que dizes ou digas está dito e redito pelos moralistas do mundo. É assunto gasto; e se não tens força, nem originalidade para renovar um assunto gasto, melhor é que te cales e te retires. Olha; todas as minhas legiões mostram no rosto os sinais vivos do tédio que lhes dás. Esse mesmo ancião parece enjoado; e sabes tu o que ele fez?

— Já vos disse que não.

— Depois de uma vida honesta, teve uma morte sublime. Colhido em um naufrágio, ia salvar-se numa tábua; mas viu um casal de noivos, na flor da vida, que se debatiam já um a morte; deu-lhes a tábua de salvação e mergulhou na eternidade. Nenhum público: a água e o céu por cima. Onde achas aí a franja de algodão?

— Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega.

— Negas esta morte?

— Nego tudo. A misantropia pode tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos outros, para um misantropo, é realmente aborrecê-los...

— Retórico e sutil! exclamou o Senhor. Vai, vai, funda a tua igreja; chama todas as virtudes, recolhe todas as franjas, convoca todos os homens... Mas, vai! vai!

Debalde o Diabo tentou proferir alguma coisa mais. Deus impusera-lhe silêncio; os serafins, a um sinal divino, encheram o céu com as harmonias de seus cânticos.

O Diabo sentiu, de repente, que se achava no ar; dobrou as asas, e, como um raio, caiu na terra.

Fonte:
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro : Garnier, 1884.
Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - Permitido o uso apenas para fins educacionais.

 
Continua....

A Igreja do Diabo, de Machado de Assis - Vol. III

A comercialização da idéia


A boa nova aos homens


Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos.

Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e
desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

- Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso.

- Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina.

A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada. Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas.

A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: "Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu..." O mesmo disse da gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum?

Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo.

Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de propriedades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloqüência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada.

A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade. Um casuísta do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem?

Demonstrado assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou
pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer aplicadamente.

E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois equivalia a fazer pagar a transpiração. Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o sentimento aplicado e não aquele.

Para rematar a obra, entendeu o Diabo que lhe cumpria cortar por toda a solidariedade humana.

Com efeito, o amor do próximo era um obstáculo grave à nova instituição. Ele mostrou que essa regra era uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se devia dar ao próximo senão indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo. Chegou mesmo à demonstração de que a noção de próximo era errada, e citava esta frase de um padre de Nápoles, aquele fino e letrado Galiani, que escrevia a uma das marquesas do antigo regime: "Leve a breca o próximo! Não há próximo!" A única hipótese em que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie de amor tinha a particularidade de não ser outra coisa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo.

E como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das turbas, o Diabo recorreu a um apólogo:

— Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos adúlteros. Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria.

Fonte:
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro : Garnier, 1884.
Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - Permitido o uso apenas para fins educacionais.


Continua...

A Igreja do Diabo, de Machado de Assis - Vol. IV

A Frustração do cão...


Franjas e franjas

A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova.

Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo.

Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas.

Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico;

Muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas;

Vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias;

Os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros.

A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito.

Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas.

No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas.

O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogomano; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Deus.

O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo.

Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinqüenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meterse na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se.

O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro.

Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno.

Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-lhe:

— Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.

Fonte:
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro : Garnier, 1884.
Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - Permitido o uso apenas para fins educacionais.

Abraços!!!

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