segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Josefo, conta como Zorobabel e os judeus reconstruiram o Templo em Jerusalém

Dario era ainda um simples cidadão, mas fizera a Deus um voto: se um dia subisse ao trono, restituiria ao Templo em Jerusalém tudo o que estava ainda na Babilônia dos vasos sagrados. Quando ele foi proclamado rei, aconteceu que Zorobabel, príncipe dos judeus, que era seu velho amigo, estava próximo dele. E assim, confiou a ele e a dois outros dos principais a direção de sua casa e de tudo o que mais de perto se referia à sua pessoa.


O grande rei, no primeiro ano de seu reinado, ofereceu um suntuoso banque­te aos seus principais auxiliares, aos maiorais dos medos e dos persas e aos gover­nadores das cento e vinte e sete províncias sobre as quais estendia o seu domí­nio, que ia desde as índias até a Etiópia. Terminado o banquete, todos se retira­ram, e Dario dormiu um pouco, mas logo acordou. Não podendo conciliar o sono novamente, pôs-se a conversar com aqueles três oficiais.

O vinho, o rei, a Mulher e a Verdade.
Ele prometeu conceder a quem melhor resolvesse o problema que iria propor que se vestisse de púrpura, usasse um colar de ouro, bebesse em taça de ouro, dormisse em um leito de ouro, passeasse num carro em que os arreios dos cava­los eram de ouro, usasse uma tiara de fino linho, se sentasse perto dele e fosse considerado seu parente.

Perguntou então ao primeiro se a mais forte de todas as coisas do mundo não era o vinho.

Ao segundo, se não eram os reis.

Ao tercei­ro, se não eram as mulheres ou a verdade. Disse-lhes que pensassem. No dia seguinte, pela manhã, mandou chamar os príncipes, os grandes senhores da Pérsia e da Média, sentou-se no trono de onde costumava distribuir a justiça e ordenou aos três oficiais que respondessem na presença de toda a assembléia às perguntas que havia feito.

O primeiro, para mostrar a força do vinho, falou assim: "Parece-me não haver melhor prova para mostrar que tudo cede à força do vinho que vermos como ele perturba a razão e põe os próprios reis em tal estado que eles se tornam como crianças, as quais têm necessidade de serem guiadas; como dá aos escravos a liberdade de falar, deles tirada pela escravidão, e torna os pobres tão contentes quanto os ricos; como muda de tal sorte o Espírito dos homens que, mesmo nas maiores misérias, afoga os sentimentos de sua desgraça; como os faz esquecer a própria desdita e os persuade de que estão em tal abundância que só falam de milhões; como lhes põe na boca as palavras que usam os que se encontram no cume da glória e lhes tira o medo das pessoas mais temíveis e dos maiorais mo­narcas; como os faz não conhecer e até odiar os seus melhores amigos. Depois eles adormecem e, despertando, encontram-se com o Espírito tranqüilo e nem se lembram mais do que disseram ou fizeram durante a embriaguez. Assim, creio que o vinho deve passar pela coisa mais forte do mundo".

O segundo, depois que o primeiro assim falou em favor do vinho, este encarregado de mostrar que nada iguala ao poder dos reis, procurou prová-lo com estas pala­vras: "Ninguém pode duvidar de que os homens são os senhores do universo, pois dominam toda a terra e o mar e fazem uso dos elementos para o que bem lhes parece. Mas os reis governam os homens e reinam sobre aqueles que domi­nam todos os animais. Que há, pois, que se possa comparar ao seu poder? Eles governam os seus súditos, e estes estão sempre prontos a obedecê-lo. Ele os põe, quando lhe apraz, em todos os perigos da guerra, e, embora seja necessário forçar muralhas ou combater em campo aberto ou atacar em montes inacessí­veis, eles não impõem dificuldade para se expor à morte e obedecê-lo. Depois de vencerem as batalhas, obtendo vitórias à custa do próprio sangue, toda a vanta­gem e toda a glória reverte em favor do rei, bem como o fruto dos trabalhos e dos suores daqueles dentre o povo que, enquanto os demais pegam em armas, cultivam a terra. Assim, os príncipes recolhem o que não tiveram o trabalho de semear, desfrutam todas as espécies de prazer e dormem à vontade, enquanto os seus guardas velam à porta sem dela se afastar, por maiores que sejam as necessidades que os chamem a outros lugares. Pode-se, pois, duvidar de que o poder dos reis não supere a todos os outros?"

O terceiro, Zorobabel, que devia falar por último, para mostrar que o poder das mulhe­res e da verdade é o mais forte, assim se expressou: "Estou de acordo com a força do vinho e o poder dos reis, mas ouso afirmar que o poder das mulheres é ainda maior. Os homens e os reis têm nelas a sua origem, e, se elas não tivessem posto no mundo os que cultivam as terras, a vinha não produziria o fruto cujo suco é tão agradável. De tudo teríamos falta sem as mulheres. Devemos ao seu trabalho as principais comodidades da vida: elas fiam a lã e o tecido com que nos vesti­mos. Têm cuidado de nossas famílias, e não poderíamos passar sem elas. A sua beleza tem tanto encanto que nos fazem desprezar o ouro, a prata e tudo o que há de mais rico no mundo para ganharmos o seu afeto. Para segui-las, abando­namos sem pesar mãe, pai, parentes, amigos e a nossa própria pátria. Fazemo-las senhoras não somente de tudo o que conquistamos com mil trabalhos na terra e no mar, mas de nós mesmos. Acrescentarei que vi o rei, senhor de tantas nações, permitir que Apaméia, sua senhora, filha de Rapsacés Temasim, lhe batesse no rosto e lhe arrancasse a coroa para pô-la na própria cabeça e vi o grande príncipe rir-se quando ela estava de bom humor, afligir-se quando ela estava triste, adulá-la, unificar-se aos sentimentos dela e rebaixar-se até pedir-lhe desculpas quando julgava tê-la desgostado em alguma coisa".

Todos os assistentes ficaram tão impressionados com essas palavras que co­meçaram a se entreolhar. Zorobabel então passou do louvor às mulheres ao da verdade: "Mostrei qual o poder das mulheres, mas nem as mulheres nem os reis são comparáveis à verdade. Por maior que seja a terra, por mais alto que seja o céu, por mais rápido que seja o curso do Sol, é Deus que os move e governa. Deus é justo e verdadeiro, e assim é evidente que nada se iguala ao poder da verdade. A injustiça nada pode contra ela. Enquanto todas as demais coisas são perecíveis e passam como um relâmpago, ela é imortal e subsiste eternamente. Além disso, as vantagens com que nos enriquece não duram menos que ela mesma: a fortuna não poderia tirá-la de nós nem o tempo alterá-la, porque está acima do alcance deles. E ela é tão pura que nada a pode corromper".

A proposta da reconstrução

Zorobabel assim falou, e muitos louvaram-no e confessaram que ele havia provado muito bem que nada é
mais poderoso que a verdade, a qual jamais envelhece e não está sujeita a mudanças. O rei disse-lhe que declarasse o que desejava daquilo que prometera ao que melhor respondesse às questões propos­tas, e o concederia de boa vontade, reconhecendo-o como o mais sábio e mais inteligente de todos. Disse ainda que desejava, no futuro, receber os seus conse­lhos e ter tanta consideração por ele como a um parente.

Zorobabel respondeu-lhe que não lhe pedia outra graça senão que cumprisse o voto que havia feito antes de ser elevado à dignidade da coroa: mandar recons­truir Jerusalém, restaurar o Templo de Deus e restituir todos os vasos sagrados que o rei Nabucodonosor mandara tirar e levar para a Babilônia. O rei então levantou-se do trono com o rosto alegre, beijou Zorobabel e ordenou que se escrevesse aos governadores de suas províncias, para que o ajudassem a recons­truir o Templo, bem como aos que o acompanhassem na viagem a Jerusalém. Deu também aos magistrados da Síria e da Fenícia ordem para que mandassem cortar cedros sobre o monte Líbano e os fizessem levar a Jerusalém e para que ajudassem os que iam reconstruir a cidade.
 
Deus seja louvado!
 
Abraços!!!

Um comentário:

  1. Deus é tremendo!A VERDADE EXPRESSA!!!!Tudo se deleta com o passar do tempo,menos o verbo de DEUS.Aleluia!

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