terça-feira, 30 de novembro de 2010

Natalinas - Por Pastor Jonas Jaques

Com algum adendo, que hoje fiz para adequá-lo no tempo, eis meu texto natalino com um "aninho de idade", que hoje reproduzo para remeter a alguns alunos novos, que ano pasado não estavam entre nós. A razão da remessa? Já me sinto nas "brumas natalinas".


Aos amigos, irmãos em Cristo; aos alunos do ITEB com os quais tenho convivido, e aos demais...

UM IMPORTANTE DIA DO BAÚ DE MINHA VIDA

Um infante; quatro anos de idade. Extasiava-me olhando, admirado, aquela estranha "árvore plantada" frente ao pequeno púlpito, daquele "acanhado" templo da Igreja Cristã Evangélica. Minha mãe, mulher assembleiana da primeira geração, hábil na arte de transitar pacificamente nos demais arraiais religiosos da cidade, levou-nos (os filhos) àquele recinto para a comemoração do Natal, posto que, alguns dias antes, visitara nossa casa um par de missionários americanos que "intimara" minha mãe a levar "suas crianças" ao culto na noite de Natal, onde, naquela ocasião, receberíamos presentes, com os demaispequerruchos que lá estariam.

Curioso e inquieto, meus olhos cobiçosos não se desviavam das luzes, das bolinhas coloridas e, especialmente, dos "imaginados" conteúdos ocultos em papéis de presentes, provocativamente colocados ao pé daquela estrutura cônica enfeitada e brilhante.

Ao órgão, Dona Meire dirigia os cânticos natalinos (anos mais tarde a esculpi mentalmente na silhueta da não menos saudosa musicista, Missionária Ruth *Doris Lemos **-- minha mestra**). Coadjuvante na parte musical, pastor Diego manejava e extraía som agudo e festivo de seu banjo. Era Noite de Natal! Com habilidade e talento de um ibadiano (desculpem-me, IBAD ainda não existia), * aquele pastor narrou a velha história e o significado da comemoração que se fazia naquela noite.

Afáveis, sorridentes e receptivos, aquele casal de missionários americanos expressavam e inspiravam confiança, dando-nos a certeza de que eram amigos.

Ao encerrar o culto, pondo fim à ansiedade e expectativa da criançada, pastor Diego pediu que cada criança deixasse o lugar em que estava e, dirigindo-se à "árvore" pegasse o seu presente. Houve regozijo, sorrisos das crianças, cuja condição econômica familiar, nunca antes provocara semelhantes sorrisos; mães, timidamente contidas em suas manifestações, lacrimejavam. Naquela noite *Especial* para mim, criança na forma e na compreensão, associaria o Natal a momentos de real regozijo, de dádiva (com ou sem pinheirinho), de amor e doação ao próximo (Nesse particular, inspirativa é a parábola do samaritano. Lucas 10:33 a 37).

Doação alegre. Alegria por personificar perante gente o ato de Deus, usando meios e métodos adequados à compreensão -- não de anjos -- mas, de homens e mulheres simples, caídos, "assaltados" pelas adversidades da vida (a propósito: não menos inspirativo que a parábola, sugiro a história Olson entre os motilones, no livro "Por Esta Cruz Te Matarei"). Doação, serviço e amor que se efetiva -- não nos estreitos limites do 25 de dezembro, 06 de janeiro ou qualquer outra data a gosto da vã religiosidade -- mas, na amplitude da vida, no dia-a-dia, materializando-se, personificando-se, transformando-se em "fio condutor", da humanização, da beleza do que o Cristo deseja que haja entre os homens, cujo sentido maior Ele realizou: Deu-se!!!

Impõe-se um indagar pertinente: que dizem os homens acerca do Natal? Proponho um desafio: Nos dias que antecedem o dia comemorativo ao Natal, saiamos às ruas, e exercitemos, com doçura e nobreza nossa capacidade de indagar às pessoas. Demonstrando-lhes nossa simpatia, façamos-lhes tal pergunta. Por certo, uma parcela significativa dos indagados dirá que o Natal é o aguilhão do consumismo materialista;

Alguns declararão ser o natal uma festividade geradora de stress; outros dirão que é a data internacional da hipocrisia, da ostentação e insensibilidade que se contrapõe à carência quase absoluta dos que "moram ao lado"; a minoria indagada, certamente, manifestará indiferença, dizendo: "Afinal... é um dia como qualquer outro; como os demais dias, não há motivos para celebrar!".*

Do ponto de vista existencial cristão, o Natal é radicalizante:

"Mas quando deres um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. *Feliz será você*, porque estes não têm como retribuir".

Quão distantes estarmos do modelo, não é?

Disse George Eliot (pseudônimo de Mary Ann Evans): "Nunca é tarde demais para ser o que você desejou ser". Unte esse propósito com a unção do Espírito Santo e desenvolva a vocação e seu chamado. A doação pressupõe perda. No Natal a mensagem embutida é a perda. *Quem perder a sua vida...,* lembram-se?

Esta é a função precípua do fiel: Dar de graça o que de graça recebeu. *O apóstolo* de Tarso fez coro com o Mestre:

"...*para repartir com quem estiver em necessidade*".

Natal é P a r t i l h a..a...a...a! sobretudo, com quem não possui condições de retribuir. Não espere devolução, nem parabéns; às vezes, nem obrigado. Partilhe!!!!

Na aula de hoje, estudando a parte prática da vida cristã ensinada pelo apóstolo aos irmãos em Éfeso, detive-me sobre 4:28 para enfatizar o verbo REPARTIR inserido numa realidade específica. " com quem estiver em necessidade." É ato de uma vida que, despindo-se da velha natureza, reveste-se da nova natureza, em Cristo, e que, agora se expressa em atos cujo louvor é direcionado ao Pai que está nos céus. REPARTIR! PARTILHAR!

Um presente encharcado com o verdadeiro significado do Natal impregnou minha mente de criança e produziu desdobramentos que se eternizam.

Havia "um fio condutor"! Qual ??? A motivação materializada daquele casal de missionários. Diego e Meire se fizeram não mais que humildes instrumentos para revelar, na prática, na singeleza de seus atos, traduzindo por meios e métodos humanos o verdadeiro significado do Natal. Exauriram suas vidas no "hinterland" do Pará, certos que o cumprimento de suas vocações, levadas a efeito entre àquela "gente pobre carente de amor e de tudo", naquela insignificante cidadezinha, cumpria o verdadeiro propósito de Deus em suas vida.

Afinal, doavam-se.

Aprendi, quando menino, ser essa, a essência do Natal. Personifiquemos em nós mesmos o sentido mais profundo e exigido do Natal (Olhai o sertão do Brasil)

Pr. (JJ)



Abraços!!!

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